A Claro, o CMI, a justiça e eu
By kov
Há alguns meses o pessoal do Centro de Mídia Independente (CMI) começou a receber relatos de usuários que não conseguiam acessar seu site. Os administradores de sistema do CMI tentaram localizar algum problema na infraestrutura do site mas não parecia haver nada de errado. Não demorou muito para identificar um padrão nos usuários que reclamavam: eles eram usuários da NET e da Claro 3G.
Muitos usuários ligaram e reclamaram, é claro, mas tanto NET quanto Claro negavam qualquer tipo de bloqueio e diziam aos usuários que o problema era com o site do CMI. Depois de muita insistência e de uma notificação extra-judicial enviada pelos advogados do CMI à Claro ficamos sabendo do real motivo:
Trata-se de um processo movido pela Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho ontra a Associação dos Rodoviários Aposentados e Pensionistas de Minas Gerais e o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Belo Horizonte. Você deve estar se perguntando onde entram o CMI, NET e Claro nisso né? Aparentemente o juíz decidiu que uma matéria publicada no CMI tinha que ser retirada do ar e decidiu que quem devia retirar do ar a matéria eram as empresas de comunicação! O CMI não chegou sequer a ser comunicado dessa decisão.
Olhando por esse lado Claro e NET são vítimas da estupidez da Justiça brasileira, é verdade. Mais uma decisão vergonhosa da Justiça brasileira – bloquear um site para todos os brasileiros já seria ridículo, mas bloquear para usuários de algumas operadoras é a coisa mais absurda que eu já ouvi falar. Eu troquei de operadora de celular de qualquer forma e vou explicar por quê: em primeiro lugar não há nenhum sinal de que as operadoras tenham recorrido dessa decisão para guardar seus interesses e os de seus clientes. Em segundo lugar elas estão fazendo um péssimo trabalho de informar os clientes corretamente a respeito do problema.
Quando eu liguei na ouvidoria da Claro para registrar a razão da minha saída da operadora a atendente que conversou comigo me pediu o endereço do site e tentou acessar, juntamente com seu chefe e me disse: “Aqui não funciona esse site; tem certeza de que o endereço está certo? O site deve estar caído.” Ao que eu revidei: “É óbvio que vocês não vão conseguir acessar. Vocês estão dentro da rede da Claro, que bloqueou o acesso ao site, como eu já disse. Se vocês tentarem de algumas outras operadoras vocês vão conseguir.”. Depois de muito custo e só porque eu já tinha avisado que ia cancelar o serviço a atendente chegou na informação correta: o processo judicial que obriga a Claro a bloquear o site inteiro se precisar.
Eu expliquei que esse comportamento não é aceitável pra mim, que a Claro devia ter pelo menos feito um trabalho muito melhor de informar os clientes do problema real (redirecionando o endereço para uma página com as informações, por exemplo), já que até para os funcionários da Claro, como eles puderam ver, o que parecia era que o site estava fora do ar – o que não era verdade. Todos os relatos que eu vi de contato tanto com a NET quanto com a claro tiveram esse mesmo desenlace, com muitos deles não chegando à informação verdadeira.
Hoje eu consigo acessar o CMI de todas as minha conexões com a Internet de novo e recomendo a quem não estiver ainda conseguindo a trocar de operadora/serviço de Internet. É fácil com a portabilidade e serve como protesto contra essa estupidez. Não deixe de registrar na ouvidoria o motivo!